sábado, 9 de abril de 2011

Quanta coincidência...


Toda vez que eu termino de ler um livro, tenho um ritual: vou folheando página por página e encontrando marquinhas feitas à lápis que significam nada mais nada menos do que partes que eu achei interessantes. Só depois de transcrever todos esses trechos para um lugar onde eu guardo coisas do mesmo gênero desde que eu tenho uns 12 anos é que vou até a estante, escolho uma prateleira e coloco o livro recém lido no seu lugar. A questão é que não fiz isso com Aritmética, livro da Fernanda Young, escritora que apesar de meio mundo falar mal, eu adoro e nunca me irritou - trocadilho seja feito - em nenhum dos livros que eu li até hoje. Pois bem, hoje de manhã resolvi pegar o Aritmética, livro que enquanto eu estava lendo me fez surtar e até pensar em pesquisar algo nele para o TCC, e transcrever os tais trechos marcados. Li faz uns 2 meses, e eu gostei tanto de reler essas partes que me deu vontade de colocar aqui:


E a língua portuguesa não agüenta mais a chateação dos meus versos repetidos, repetidos por ela, que tão docemente recebeu minha língua em sua boca, dando-me um gosto que um milhão de palavras não poderiam traduzir. Porque não há verbo, ou sinal, ou lirismo, que consiga expressar o estranho que foi, o desconforto que foi, saber: esse beijo é o meu beijo. [p. 11]




A vida humana é basicamente isso, não é? Ferir e perdoar. [p. 301]



Tem vontade de sacudir aquele corpo e dizer “ei, devolve. Devolve o amor que tinha aqui. Que preenchia essas lacunas no meu peito, deixando tudo menos frouxo em mim. Devolve a liga, o ponto que faz do bolo um bolo, o nó da lã do tricô. Me salva."

[p. 271]

As mulheres são tristes quando contam as suas coisas. [p. 249]




Constrage-me existir nesse personagem Chico Buarque, dolorida, bonita sendo assim, meio tonta, meio insistente, até meio chata. Nunca precisei aborrecer ninguém antes, então atuo por instinto, cansando-me facilmente. E que fique claro que não é por estar você dessa forma, tão esquivo, que o desejo tanto. Desejo-o porque desejo. Estúpida, latina. Bethânia. Ainda creio que você, quando eu menos esperar, possa me chegar com um verso em atitude. [p. 75]



Algo como o valor de se viver grandes amores, apesar de, em se estar vivendo, ficarmos condenados, também, a grandes desilusões. Aritmética, Fernanda Young

[p. 19]





E tem muitas outras... vale a pena ler o livro todo.
 
PS: O livro gira em torno da geometria dos triângulos amorosos, o calculismo das traições, a matemática do sexo, a multiplicação das culpas, a paixão elevada à última potência, a raiz quadrada do ódio e o ímpar que há nos pares.

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