quarta-feira, 23 de março de 2011

La Ragazza con la valigia (1961) de Valerio Zurlini



Há filmes que resumem o cinema e a vida com uma simplicidade quase embaraçante tanto para quem há muito faz cinema e, sobretudo, para quem há muito vê cinema. Parece que, em "La Ragazza con la valigia", o cinema chega ao fim: não há retrato mais autêntico, honesto e genuíno do crescimento, do amor e da solidão. Mais uma vez Zurlini mostra-se totalmente incapaz de filmar uma história de amor em tom light, agradável q.b. com um "happy ending" mais ou menos moralista: o cinema de Zurlini nasceu depois disso tudo para criar, finalmente, um mundo com personagens reais, sentimentos verdadeiros (haverá melhor matéria-prima para um filme?) e uma visão próxima da vida (nem sempre o casal acaba abraçado, a beijar-se à chuva). É inebriante a forma como a câmara percorre o rosto e corpo de Claudia Cardinale, que nunca esteve tão bela, e a maneira como retrata o amor puro, louco e eterno de Jacques Perrin. Obra-prima absoluta para ser vista várias vezes.

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