domingo, 26 de setembro de 2010

Os Dragões não conhecem o paraíso.



"Tenho um dragão que mora comigo. Não, isso não é verdade. Não tenho nenhum dragão. E, ainda que tivesse, ele não moraria comigo nem com ninguém. Para os dragões, nada mais inconcebível que dividir seu espaço - seja com outro dragão, seja com uma pessoa banal feito eu. Ou invulgar, como imagino que os outros devam ser. Eles são solitários, os dragões. Quase tão solitários quanto eu me encontrei, sozinho neste apartamento, depois de sua partida. Digo quase porque, durante aquele tempo em que ele esteve comigo, alimentei a ilusão de que meu isolamento para sempre tinha acabado. E digo ilusão porque, outro dia, numa dessas manhãs áridas da ausência dele, felizmente cada vez menos freqüentes (a aridez, não a ausência), pensei assim: Os homens precisam da ilusão do amor da mesma forma como precisam da ilusão de Deus. Da ilusão do amor para não afundarem no poço horrível da solidão absoluta; da ilusão de Deus, para não se perderem no caos da desordem sem nexo.Isso me pareceu grandiloqüente e sábio como uma idéia que não fosse minha, tão estúpidos costumam ser meus pensamentos. E tomei nota rapidamente no guardanapo do bar onde estava. Escrevi também mais alguma coisa que ficou manchada pelo café. Até hoje não consigo decifrá-la. Ou tenho medo da minha - felizmente indecifrável - lucidez daquele dia.Estou me confundindo, estou me dispersando. (...)Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ou ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada.Ninguém perguntará coisa alguma, penso. Depois continuo a contar para mim mesmo, como se fosse ao mesmo tempo o velho que conta e a criança que escuta, sentada no colo de mim. Foi essa a imagem que me veio hoje pela manhã quando, ao abrir a janela, decidi que não suportaria passar mais um dia sem contar esta história de dragões. Consegui evita-la até o meio da tarde. Dói, um pouco. Não mais como uma ferida recente, apenas um pequeno espinho de rosa, coisa assim, que você tenta arrancar da palma da mão com a ponta de uma agulha. Mas, se você não consegue extirpá-lo, o pequeno espinho pode deixar de ser uma pequena dor para transformar-se numa grande chaga.Assim, agora, estou aqui. Ponta fina de agulha equilibrada entre os dedos da mão direita, pairando sobre a palma aberta da mão esquerda. Algumas anotações em volta, tomadas há muito tempo, o guardanapo de papel do bar, com aquelas palavras sábias que não parecem minhas e aquelas outras, manchadas, que não consigo ou não quero ou finjo não poder decifrar. Ainda não comecei.(...)
Gosto de dizer tenho um dragão que mora comigo, embora não seja verdade. Como eu dizia, um dragão jamais pertence a nem mora com alguém. Seja uma pessoa banal igual a mim, seja unicórnio, salamandra, harpia, elfo, hamadríade, sereia ou ogro. Duvido que um dragão conviva melhor com esses seres mitológicos, mais semelhantes à natureza dele, do que com um ser humano. Não que sejam insociáveis. Pelo contrário, às vezes um dragão sabe ser gentil e submisso como uma gueixa. apenas, eles não dividem seus hábitos.Ninguém é capaz de compreender um dragão. Eles jamais revelam o que sentem. Quem poderia compreender, por exemplo, que logo ao despertar (e isso pode acontecer em qualquer horário, as três da tarde ou as onze da noite, já que o dia e a noite deles acontecem para dentro, mas é mais previsível entre sete e nove da manhã, pois essa é a hora dos dragões) sempre batem a cauda três vezes, como se estivessem furiosos, soltando fogo pelas ventas e carbonizando qualquer coisa próxima num raio de mais de cinco metros? Hoje, pondero: talvez seja essa a sua maneira desajeitada de dizer, como costumo dizer agora, ao despertar - que seja doce.Mas no tempo em que vivia comigo, eu tentava - digamos - adapta-lo às circunstâncias. Dizia por favor, tente compreender, querido, os vizinhos banais do andar de baixo já reclamaram da sua cauda batendo no chão ontem às quatro da madrugada. O bebê acordou, disseram, não deixou ninguém mais dormir. Além disso, quando você desperta na sala, as plantas ficam todas queimadas pelo seu fogo. E, quando você desperta no quarto, aquela pilha de livros vira cinzas na minha cabeceira.Ele não prometia corrigir-se. E eu sei muito bem como tudo isso parece ridículo. Um dragão nunca acha que está errado. Na verdade, jamais está. Tudo que faz, e que pode parecer perigoso, excêntrico ou no mínimo mal-educado para um humano igual a mim, é apenas parte dessa estranha natureza dos dragões. (...)
Além de tudo: eu não o via. Os dragões são invisíveis, você sabe. Sabe? Eu não sabia. Isso é tão lento, tão delicado de contar - você ainda tem paciência? Certo, muito lógico você querer saber como, afinal, eu tinha tanta certeza da existência dele, se afirmo que não o via. Caso você dissesse isso, ele riria. Se, como os homens e as hienas, os dragões tivessem o dom ambíguo do riso. Você o acharia talvez irônico, mas ele estaria impassível quando perguntasse assim: mas então você só acredita naquilo que vê? Se você dissesse sim, ele falaria em unicórnios, salamandras, harpias, hamadríades, sereias e ogros. Talvez em fadas também, orixás quem sabe? Ou átomos, buracos negros, anãs brancas, quasars e protozoários. E diria, com aquele ar levemente pedante: "Quem só acredita no visível tem um mundo muito pequeno. Os dragões não cabem nesses pequenos mundos de paredes invioláveis para o que não é visível".Ele gostava tanto dessas palavras começadas por in - invisível, inviolável, incompreensível -, que querem dizer o contrário do que deveriam. Ele próprio era inteiro o oposto do que deveria ser. A tal ponto que, quando o percebia intratável, para usar uma palavra que ele gostaria, suspeitava-o ao contrário: molhado de carinho. Pensava às vezes em trata-lo dessa forma, pelo avesso, para que fôssemos mais felizes juntos. Nunca me atrevi. E, agora que se foi, é tarde demais para tentar requintadas harmonias. Ele cheirava a hortelã, a alecrim. Eu acreditava na sua existência por esse cheiro verde de ervas esmagadas dentro das duas palmas das mãos. Havia outros sinais, outros augúrios. Mas quero me deter um pouco nestes, nos cheiros, antes de continuar. Não acredite se alguém, mesmo alguém que não tenha um mundo pequeno, disser que os dragões cheiram a cavalos depois de uma corrida, ou a cachorros das ruas depois da chuva. A quartos fechados, mofo, frutas podres, peixe morto e maresia - nunca foi esse o cheiro dos dragões.A hortelã e alecrim, eles cheiram. Quando chegava, o apartamento inteiro ficava impregnado desse perfume. Até os vizinhos, aqueles do andar de baixo, perguntavam se eu andava usando incenso ou defumação. Bem, a mulher perguntava. Ela tinha uns olhos azuis inocentes. O marido não dizia nada, sequer me cumprimentava. Acho que pensava que era uma dessas ervas de índio que as pessoas costumam fumar quando moram em apartamentos, ouvindo música muito alto. A mulher dizia que o bebê dormia melhor quando esse cheiro começava a descer pelas escadas, mais forte de tardezinha, e que o bebê sorria, parecendo sonhar. Sem dizer nada, eu sabia que o bebê devia sonhar com dragões, unicórnios ou salamandras, esse era um jeito do seu mundo ir-se tornando aos poucos mais largo. Mas os bebês costumam esquecer dessas coisas quando deixam de ser bebês, embora possuam a estranha facilidade de ver dragões - coisa que só os mundos muito largos conseguem.Eu aprendi o jeito de perceber quando o dragão estava a meu lado. Certa vez, descemos juntos pelo elevador com aquela mulher de olhos-azuis-inocentes e seu bebê, eu também tinha olhos-azuis-inocentes. O bebê olhou o tempo todo para mim. Depois estendeu as mãos para o um lado esquerdo, onde estava o dragão. Os dragões para sempre do lado esquerdo das pessoas, para conversar direto com o coração. O ar a meu lado ficou leve, de uma coloração vagamente púrpura. Sinal que ele estava feliz. Ele, o dragão, e também o bebê, e eu, e a mulher, e a japonesa que subiu no sexto andar, e um rapaz de barba no terceiro. Sorríamos suaves, meio tolos, descendo juntos pelo elevador numa tarde que lembro de abril - esse é o mês dos dragões - dentro daquele clima de eternidade fluida que apenas os dragões, mas só às vezes, sabem transmitir.Por situações como essa, eu o amava. E o amo ainda, quem sabe mesmo agora, quem sabe mesmo sem saber direito o significado exato dessa palavra seca - amor. Se não o tempo todo, pelo menos quando lembro de momentos assim. Infelizmente, raros. A aspereza e o avesso parecem ser mais constantes na natureza dos dragões do que a leveza e o direito. Mas queria falar antes do cheiro. Havia outros sinais, já disse. Vagos, todos eles.Nos dias que antecediam a sua chegada, eu acordava no meio da noite, o coração disparado. As palmas das mãos suavam frio. Sem saber por que, nas manhãs seguintes, compulsivamente eu começava a comprar flores, limpar a casa, ir ao supermercado e à feira para encher o apartamento de rosas e palmas e morangos daqueles bem gordos e cachos de uvas reluzentes e berinjelas luzidias (os dragões, descobri depois, adoram contemplar berinjelas) que eu mesmo não conseguia comer. Arrumava em pratos, pelos cantos, com flores e velas e fitas, para que o espaço ficasse mais bonito. Como uma fome, me dava. Mas uma fome de ver, não de comer. Sentava na sala todas arrumada, tapete escovado, cortinas lavadas, cestas de frutas, vasos de flores - acendia um cigarro e ficava mastigando com os olhos a beleza das coisas limpas, ordenadas, sem conseguir comer nada com a boca, faminto de ver. À medida que a casa ficava mais bonita, eu me tornava cada vez mais feio, mais magro, olheiras fundas, faces encovadas. Porque não conseguia dormir nem comer, à espera dele. Agora, agora vou ser feliz, pensava o tempo todos numa certeza histérica. Até que aquele cheiro de alecrim, de hortelã, começasse a ficar mais forte, para então, um dia, escorregar que nem brisa por baixo da porta e se instalar devagarinho no corredor de entrada, no sofá da sala, no banheiro, na minha cama. Ele tinha chegado.Esses ritmos, só descobri aos poucos, Mesmo o cheiro de hortelã e alecrim, descobri que era exatamente esse quando encontrei certas ervas numa barraca de feira. Meu coração disparou, imaginei que ele estivesse por perto. Fui seguindo o cheiro, até me curvar sobre o tabuleiro para perceber: eram dois maços verdes, a hortelã de folhinhas miúdas, o alecrim de hastes compridas com folhas que pareciam espinhos, mas não feriam. Perguntei nome, o homem disse, eu não esqueci. Por pura vertigem, nos dias seguintes repetia quando sentia saudade: alecrim hortelã alecrim hortelã alecrim.Antes, antes ainda, o pressentimento de sua visita trazia unicamente ansiedade, taquicardias, aflição, unhas roídas. Não era bom. Eu não conseguia trabalhar, ir ao cinema, ler ou afundar em qualquer outra dessas ocupações banais que as pessoas como eu têm quando vivem. Só conseguia pensar em coisas bonitas para a casa, e em ficar bonito eu mesmo para encontrá-lo. A ansiedade era tanta que eu enfeiava, à medida que os dias passavam. E, quando ele enfim chegava, eu nunca tinha estado tão feio. Os dragões não perdoam a feiúra. Menos ainda a daqueles que honram com sua rara visita.Depois que ele vinha, o bonito da casa contrastando com o feio do meu corpo, tudo aos poucos começava a desabar. Feito dor, não alegria. Agora agora agora vou ser feliz, eu repetia: agora agora agora, E forçava os olhos pelos cantos para ver se encontrava pelo menos o reflexo de suas escamas de prata esverdeadas, luz fugidia, a ponta em seta de sua cauda pela fresta de alguma porta ou a fumaça de suas narinas, cujas cores mudavam conforme seu humor. Que era quase sempre mau, e a fumaça, negra. Naqueles dias, enlouquecia cada vez mais, querendo agora já urgente ser feliz. Percebendo minha ânsia, ele tornava-se cada vez mais remoto. Ausentava-se, retirava-se, fingia partir. Rarefazia seu cheiro de ervas até que não passasse de uma suspeita verde no ar. Eu respirava mais fundo, perdia o fôlego no esforço de percebê-lo, dia após dia, enquanto flores e frutas apodreciam nos vasos, nos cestos, nos cantos. Aquelas mosquinhas negras miúdas esvoaçavam em volta delas, agourentas.Tudo apodrecia mais e mais, sem que eu percebesse, doído do impossível que era o ter. Atento somente à minha dor, que apodrecia também, cheirava mal. Então algum dos vizinhos batia à porta para saber se eu tinha morrido e sim, eu queria dizer, estou apodrecendo lentamente, cheirando mal como as pessoas banais ou não cheiram quando morrem, à espera de uma felicidade que não chega nunca. Eles não compreenderiam, ninguém compreenderia. Eu não compreendia, naqueles dias - você compreende? (...)
Só quem já teve um dragão em casa pode saber como essa casa parece deserta depois que ele parte. Dunas, geleiras, estepes. Nunca mais reflexos esverdeados pelos cantos, nem perfume de ervas pelo ar, nunca mais fumaças coloridas ou formas com serpentes espreitando pelas frestas de portas entreabertas. Mais triste: nunca mais nenhuma vontade de ser feliz dentro da gente, mesmo que essa felicidade nos deixe com o coração disparado, mãos úmidas, olhos brilhantes e aquela fome incapaz de engolir qualquer coisa. A não ser o belo, que é de ver, não de mastigar, e por isso mesmo também uma forma de desconforto. No turvo seco de uma casa esvaziada da presença de um dragão, mesmo voltando a comer e a dormir normalmente, com fazem as pessoas banais, você não sabe mais se não seria preferível aquele pantanal de antes, cheio de possibilidades - que não aconteciam, mas que importa? - a esta secura de agora. Quando tudo, sem ele, é nada.Hoje, acho que sei. Um dragão vem e parte para que seu mundo cresça? Pergunto - porque não estou certo - coisas talvez um tanto primárias, como : um dragão vem e parte para que você aprenda a dor de não o ter, depois de ter alimentado a ilusão de possuí-lo? E para, quem sabe, que os humanos aprendam a forma de retê-lo, se ele um dia voltar?Não, não é assim. Isso não é verdade.Os dragões não permanecem. Os dragões são apenas a anunciação de si próprios. Eles se ensaiam eternamente, jamais estréiam. As cortinas não chegam a se abrir para que entrem em cena. Eles se esboçam e se esfumam no ar, não se definem. O aplauso seria insuportável para eles: a confirmação de que sua inadequação é compreendida e aceita e admirada, e portanto - pelo avesso, igual ao direito - incompreendida, rejeitada, desprezada. Os dragões não querem ser aceitos. Eles fogem do paraíso, esse paraíso que nós, as pessoas banais, inventamos - como eu inventava uma beleza de artifícios para espera-lo e prende-lo para sempre junto a mim.Os dragões não conhecem o paraíso, onde tudo acontece perfeito e nada dói nem cintila ou ofega, numa eterna monotonia de pacífica falsidade. Seu paraíso é conflito, nunca a harmonia. (...)"
Caio Fernando Abreu.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010


"Porque o amor acaba?
Por milhões de coisas bobas,pequenas e sem nenhuma importância...
Porém,foram coisas que não foram ditas...e então elas se acumularam...
Como num quartinho onde se coloca os entulhos...nos entulhamos coisas que não dizemos.
E isso acaba nos sufocando...e achamos que o amor acabaou...
Mas o amor não acaba, ele esta apenas acumulado em nossa covardia de não dizer..
de acumular coisas, acumular silêncio!"

[Filme- ABC do amor]
Blog lindo da Bruna.

”Os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz
vai querer dizer tanta, mas tanta coisa, que eu vou ficar calada.”
[Caio Fernando Abreu]



Ai, como deve ser boa a sensação de abrigo, de aconchego, de cuidado.

As vezes, prefiro o dia a dia corrido pois assim não paro para pensar no que me vai no íntimo...porque geralmente dói...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Natureza!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
















Porquê você


Como dizer coisas que não sinto
Sem você...
Como olhar o poente
Sem você...
Como exprimir em lágrimas
Alma no chão
Vertida
Sem você...
Como aliar os céus ao oceano
Sem você
Como abraçar uma criança,
Beijar cabelos
Querer do mesmo trago
Sem você...
Ajudar algum mendigo,
Pisar pela calçada,
Olhar estrelas
Sem você...
A noite é um pergaminho escuro.
O vento bate
Sem você...
A poesia canta
Vem de longe
Mas não traz você.
Ouço marulhos sossobrados
Na amplidão
Nos mundos reflexos,
Eternos amplexos,
Porque você-
É somente você.



Autor: Levy de Abreu Cassoni
1931/2003

Livro: O Cancioneiro

domingo, 19 de setembro de 2010

Olhai os lírios do campo


Primeiro, admirou-a de longe.Depois, esqueceu-a.E esqueceu-a pela mesma razão porque desejara aproximar-se dela.


Érico Veríssimo.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Invisibilidade eterna.


E ele viu nos olhos dela que ela havia desistido.

Desistiu da vontade de entender, de amar, de sentir e até mesmo de sofrer.

A inércia de seus sentimentos a tornaram uma pessoa apática e sem brilho. Chegara ao fundo do poço e para sair de lá no momento não tinha forças. Precisava se reencontrar. Querer viver e isso no momento tava descartado.

Viver na invisibilidade, na sombra, no submundo, numa torcida injusta pela migalha a ser jogada, numa esperança vã de reconhecimento, de existir...ela já não fazia mais questão de viver assim.

A falta de cuidado, de carinho e cumplicidade recorrentes que ela já conhecia decor a tinham deixado exausta de continuar querer.

Havia passado uma vida de mentiras, se enganando, achando isso e aquilo e agora finalmente o estoque de faz-de-conta havia acabado...

Assim como quem tem fome, quer comer...quem tem sede, quer beber, quem tem amor, quer agrado, afago, carinho, cuidado e o mais importante, quer se sentir amado.

As palavras não ditas, a risada que não foi compartilhada, o respeito inexistente, o telefonema esperado, o olhar desejado, um braço por trás da cadeira, uma palavra inesperada, um elogio...

Não se perde alguém apenas quando enterramos essa pessoa, a perdemos também em vida.


Vylna

"Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida."



Caio F.


Vontade de pedir silêncio. Porque não seria necessária mais nenhuma palavra um segundo antes ou depois de dizerem ao mesmo tempo:


- Quero ficar com você.






Provaram um do outro no colo da manhã.






E viram que isso era bom.




C.F.A.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Desígnios


"alguém pode me dizer
se estava prevista na palma da minha mão
esta paixão inesperada
se estava já escrita e demarcada
na linha da minha vida
se fazia já parte da estrada
e tinha que ser vivida

ou foi um desgoverno repentino
que surpreendeu os deuses, todos
os que desenham o nosso destino
ou foi um desatino, uma loucura
uma imprevisível subversão
que só a patir de agora eu trago marcada
na palma da minha mão"

Bruna Lombardi

domingo, 12 de setembro de 2010

Audrey Hepburn - linda por dentro e por fora.


Para ter lábios atraentes, diga palavras doces; para ter olhos belos, procure ver o lado bom das pessoas; para ter um corpo esguio, divida sua comida com os famintos; para ter cabelos bonitos, deixe uma criança passar seus dedos por eles pelo menos uma vez por dia; para ter boa postura, caminhe com a certeza de que nunca andará sozinho.


Pessoas, muito mais que coisas, devem ser restauradas, revividas, resgatadas e redimidas.
Lembre-se que, se alguma vez precisar de uma mão amiga, você a encontrará no final do seu braço. Ao ficarmos mais velhos, descobrimos porque temos duas mãos, uma para ajudar a nós mesmos, a outra para ajudar o próximo.


A beleza de uma mulher não está nas roupas que ela veste, nem no corpo que ela carrega, ou na forma como penteia o cabelo. A beleza de uma mulher deve ser vista nos seus olhos, porque esta é a porta para seu coração, o lugar onde o amor reside.


Audrey Hepburn

A espera que um dia aconteça...




Dizia Pablo Neruda- "Morre lentamente quem não viaja,quem não lê ,quem não ouve musica,quem não encontra graça em si mesmo. "


Gostaria de complementar dizendo que morre lentamente quem se engana uma vida toda na esperança de que dias melhores virão.


Morre lentamente quem mendiga um amor que não existe na tentativa que ele aconteça.


Morre lentamente quando se lê em frases de outrem o carinho e preocupação contidos nas entrelinhas tão bem emolduradas.


Morre lentamente ao escutar histórias de amor e companheirismo e se deparar com a escassez de memórias afetivas no próprio passado.


Morre lentamente quem ama calado, quem espera um gesto delicado, quem não desabafa suas dores e as chora pela madrugada, mágoas de uma vida que se engasgam junto com os soluços apertados no travesseiro que é o único a testemunhar o significado de cada lágrima que desce.




Vylna

Primavera chegando!!!!


























Selinhos dados pelo amigo Pimentel















Deixo aqui os selinhos dados pelo grande amigo e poeta Pimentel e faço questão de presenteá-los à todos os meus amigos do blog.
Abraços.

sábado, 11 de setembro de 2010


E você vem falar de amor... Logo pra mim que ando tão desacreditada. Que aos tropeços encontro pedras com as quais me apego e resisto em devolver ao chão. Vem falar logo pra mim que tanto calo. Diz que precisa desabafar, narrar-me a imensidão, fazendo-me pensar que esqueceu da minha incapacidade de percepção tempo-espaço. Vem querendo tomar-me em uma dose sem saber que eu posso rasgar na garganta. Vem mastigando-me com fome sem saber que meus pedaços não cabem em uma mordida. Vem respirando-me sem fôlego sem saber que sou mais que uma brisa, que posso não caber no seu pulmão (vizinho do teu coração quente demais). Vem querendo desenhar-me em planos sem saber que eu não caibo no papel. Você supõe e, entre tanto anseio, se equivoca. E você volta a falar de amor... Um amor que pra mim é ontem. Que virou carta na gaveta, foto na carteira, ligação perdida. Você me chora dores que meus analgésicos já curaram e chora tanto, que me faz querer presentear-te anestesia. Pede por um espaço que lhe pertence por direito e cotidiano, mas pede ainda mais, mais do que posso dar. Reclama por meu tempo, suplica pela minha atenção, sufoca-me com ciúmes, fazendo-me pensar que esqueceu da minha idolatria aquariana pela liberdade.E você me grita esse velho e sempre novo amor. Esperneia, soluça, quebra, pragueja, arranha. Faz barulho, faz bagunça. Logo pra mim que tanto almejo a calma, tanto preservo minha paz. Insiste no esgotado, aposta no inviável e eu aqui tentando, durante todo esse tempo, explicar que já deu. Foi intenso, lindo, enorme e eterno até, mas passou. É, foi eterno, mas passou. Faz tanto barulho e eu preciso é do silêncio. Ainda de pé, mas agora possuidora de uma maleta de traumas, uma laguna de lágrimas, um caixote de cicatrizes e uma pasta de músicas inaproveitáveis. Ainda sorrindo, mas agora com tantos contos censurados, tanta vida que nem me pertence mais, tanto cansaço de verbos no pretérito. Ainda feliz, mas agora em ímpar. Em ímpar... E você vem falar de amor?
Amanda Arrais

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sem palavras-Balzac


"As mulheres têm um inimitável talento

para exprimir seus sentimentos sem empregar palavras demasiado vivas;
sua eloqüência está sobretudo no acento,
no gesto,
na atitude
e nos olhares."




em "Mulher de trinta anos"

Mulher de aquário




"Se o que se quer é a boa esposa A aquariana pousa.
Se o que se quer é uma outra coisa
A aquariana ousa.
Se o que se quer é muito amor
A aquariana
É a mulher macho sim senhor.
Porém não são possessivas
Nem procuram dominar
Ou são meigas e passivas
Ou botam para quebrar."




Vinícius de Moraes.

Caio Fernando Abreu


"Uma pessoa, quando está longe, vive coisas que não te comunica,
e tu, aqui, vive coisas que não a comunica.
Então, vocês vão se distanciando e,
quando vocês se encontrarem, vocês vão se falar assim:
oi, tudo bom e tal, como é que vão as coisas?
E aí ele vai te falar, por cima, de tudo que ele viveu, e,
não sei, vai ser uma proximidade distante.
Não adianta, no momento que as pessoas se afastam,
elas estão irremediavelmente perdidas uma da outra."

Amar- Arthur da Távola


Para conjugar o verbo amar é preciso conjugar o verbo ser.
O amor é exercício de felicidade, não de poder.
Quem ama controla.
E quem controla por amor,
acaba desamando num plano mais profundo,
pois impede a pessoa amada de ser florescer, crescer, cres/Ser...

Exemplo das flores - Campos de Carvalho






As flores têm o perfume que a terra lhes dá sem ser perfumada.
Assim, também nós devemos dar a nossos atos aquilo que não trazemos em nós
mas de que somos realmente capazes,
e que não morrerá com a nossa morte.


in “A lua vem da Ásia”

Vaidade-Balzac


Deve-se deixar a vaidade aos que não têm outra coisa para exibir.

O que se pode prometer - Pode-se prometer atos, mas não sentimentos; pois estes são involuntários. Quem promete a alguém amá-lo sempre, ou sempre odiá-lo ou ser-lhe sempre fiel, promete algo que não está em seu poder; mas ele pode prometer aqueles atos que normalmente são consequência do amor, do ódio, da fidelidade, mas também podem nascer de outros motivos: pois caminhos e motivos diversos conduzem a um ato. A promessa de sempre amar alguém significa, portanto: enquanto eu te amar, demonstrarei com atos o meu amor; se eu não mais te amar, continuarei praticando esses mesmos atos, ainda que por outros motivos, de modo que na cabeça de nossos semelhantes permanece a ilusão de que o amor é imutável e sempre o mesmo.

(Friedrich Nietzsche)

domingo, 5 de setembro de 2010

Qto mais conheço os humanos, mais amo os bichos!!!!


Ontem, as 13 hs me senti um nada...literalmente.Estacionei o carro no Ribeirão Shopping, desci e me deparei na porta de entrada da Renner, com uma cadelinha prenha, pretinha, linda, cujas patinhas eram branquinhas,como se ela estivesse com luvinhas.Como dormia tão profundamente eu achei que estava morta...Cheguei perto e pude perceber que na verdade ela estava apenas aproveitando o ar condicionado que emanava do abre e fecha das portas automáticas...Passei a mão na sua cabeça e ela me respondeu com um leve abano de cauda e abrir de olhos...Na mesma hora, fui ate o Carrefour buscar comida e aguá pra ela, na intenção de ajudá-la ou levá-la cmg...Mas ao voltar, minha decepção foi imensa e não mais a achei dormindo serena na mesma porta.Andei inutlmente o estacionamento todo a pé, chamando, assoviando, mas sem resposta...A quem perguntei, tive a mesma resposta vazia de emoções....-não sei, nem vi!!E, desde ontem....penso nela e nos filhotes que chegarão sem a menor chance de serem amados por alguém...Que judiação!!!!
E penso em como me senti um tremendo lixo por não conseguir entender o ser humano.Enquanto estive ali parada, sentada no banco velando seu sono, milhares de pessoas entraram no shopping com suas roupas caras, bolsas chiques, perfumes importados...carrões , e apenas olhavam dizendo....-Olha, a cachorrinha!!!!....e entravam com a preocupação já imersa em apenas gastar e se divertir...

sábado, 4 de setembro de 2010